A Vigilância Sanitária Municipal (VISA) interditou uma clínica de estética após encontrar irregularidades graves, entre as quais estão o armazenamento e administração do medicamento Mounjaro, medicamento sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além da falta de licenciamento sanitário vigente e ausência de Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) para atividade médica. A ação faz parte da Operação Cintura Fina, deflagrada junto com a Polícia Civil, na segunda-feira (23), visando à proteção à saúde pública.
A diretora da VISA, Vera Cardoso de Melo explica que a investigação foi iniciada a partir de múltiplas denúncias anônimas referentes ao mesmo local. Na averiguação preliminar, foi constatada, através das redes sociais, a veiculação de propagandas de medicamentos, o que é proibido. A legislação veda a propaganda de medicamentos que exigem prescrição médica e retenção da receita, e o Moujaro é um desses medicamentos.
“O Mounjaro é um medicamento controlado pela Anvisa, com importação regulada e só pode ser vendido em farmácias e drogarias. Não pode ser vendido em consultórios médicos, o que também não é o caso da clínica que funcionava de forma clandestina. Diante disso, acionamos a Polícia Civil, prevendo a possibilidade de um caso policial, além da questão sanitária”, informou Vera.
No local, foram encontradas diversas irregularidades, dentre as quais estava um frigobar, localizado em uma área de acesso público, como a sala de espera, e não possuía controle de temperatura nem termômetro, o que torna o armazenamento dos produtos inadequado. “Os medicamentos estavam acondicionados dentro de caixas de isopor, que, por sua função isolante, impediam a correta refrigeração”, esclareceu a diretora da Visa.
Também foram identificadas diferentes apresentações do produto, incluindo frascos sem informações de lote ou fabricante, acondicionados em vidros âmbar, situação que contradiz as informações passadas pelo próprio importador no registro feito junto à ANVISA, nos quais foram registrados frascos transparentes para o Mounjaro comercializado no Brasil. “A utilização de frascos âmbar já é sugestivo de produto ilegal, clandestino. Isso é muito grave, então as pessoas que estão defendendo devem ter muito cuidado, pois tinha canetas contendo produtos que estão com validade vencida”, ressaltou.
Outra irregularidade está associada às receitas padronizadas, sem avaliação individual, exames ou acompanhamento médico, o que é gravíssimo segundo a diretora da VISA. Nelas já constavam a prescrição de cinco semanas de tratamento, inicialmente com cinco miligramas, com aumento gradativo. “Todas as canetas que encontramos eram de 15 miligramas, inclusive com validade vencida. Para ela aplicar cinco miligramas teria que fracionar a caneta, só que as canetas não tinham identificação nenhuma de paciente e estavam todas misturadas, então, com certeza era usada a mesma caneta para pacientes diferentes, o que pode provocar uma contaminação cruzada grave”, ressaltou.
Entre canetas irregulares, também estava uma do medicamento Synedica Retatrutida, droga sem autorização de comercialização no Brasil, por estar em fase de teste, o que caracteriza mercado clandestino. “Se ainda está em estudo significa que os efeitos colaterais podem ser imensos, então as pessoas estão pagando para colocar a saúde em risco. Isso também é muito grave”, pontuou Vera.
ALERTA PARA A POPULAÇÃO E DENÚNCIA
Vera Cardoso alerta a população para não colocar a saúde em risco. O uso inadequado desses medicamentos pode causar efeitos colaterais graves, como ideação suicida, efeito rebote e complicações pela dosagem incorreta. Para fazer uso desse tipo de medicamento, é preciso ter prescrição médica e acompanhamento médico, além de critérios como o Índice de Massa Corporal (IMC).
A Anvisa hoje preconiza que o Mounjaro pode ser utilizado não somente para diabetes tipo 2, mas também para obesidade, só que para isso precisam ser avaliados parâmetros de IMC, onde valores a partir de 30 já são um fator de indicação para início do tratamento com Mounjaro. O IMC maior ou igual a 27 também possui indicação de uso, desde que haja alguma comorbidade associada, mas quem vai avaliar esse uso é o profissional médico, examinando o paciente e solicitando exames complementares para acompanhamento. A dosagem é diferente para cada paciente e tem que ter esse cuidado, pois um dos riscos é o desenvolvimento de tumores em células C da tireóide, entre outras contraindicações como a ideação suicida”, orienta.
A função da Vigilância Sanitária é proteger a população de riscos e danos à saúde, então, em caso de irregularidades, a denúncia deve ser feita pelo Canal de Denúncias da VISA, disponível
AQUI, no site.