Combate ao preconceito em todas as suas formas. Temas diversificados trabalhando respeito, igualdade. Com essa tônica foi composta a programação da 10ª Bienal do Livro de Campos. Neste sábado (24), os 130 anos da Abolição da Escravatura e a Década Afro da ONU foram tema em roda de conversa.
A mesa foi composta pelo mestre em sociologia e direito e pós-graduado em educação e relações raciais André Rangel, a especialista em políticas públicas e direitos humanos Monalysa Alves, e a superintendente de Igualdade Racial Lúcia Talabi. André Rangel pautou o discurso na importância de se conhecer fatos históricos e trabalhar esses temas, lembrando a citação do filósofo Karl Marx: “Quem não conhece a história está fadado e repeti-la”.
- Apenas sabendo de fato como se deram os acontecimentos, pode-se tomar atitudes seja para perpetuar ou evitar cada caso. A história é contada pelos vencedores, e nesse debate em questão, não foi o povo negro quem venceu. A Abolição não veio com o simples intuito de favorecer o povo negro. Foi de fato uma grande vitória, teve importância na liberdade desse povo, porém foi também uma vitória dos latifundiários. E dentro deste contexto, quem escreveu a história foram eles. Então, cabe a nós, como povo negro, saber como defender nossas causas, e fazer isso com o nosso olhar, de quem sente na cor e na pele – destacou.
Produzir dados através de informações embasadas, preservar e zelar por leis, e fomentar essas temáticas através de um evento literário, foram apontados como essenciais pela debatedora Monalysa Alves.
- Devemos nos apropriar das leis brasileiras, entendendo que elas são feitas para nos defender como cidadãos. Afinal, a partir do momento em que conhecemos as leis, conhecemos nossos direitos e assim podemos nos defender em momentos de violação deles. Extremamente relevante que a Bienal de uma cidade como Campos, tem maioria da população negra, debater sobre esses assuntos. Válido que seja dado lugar de fala e destaque a um problema nacional que é presente e a gente finge que não existe. Importante que a Bienal como lugar de produção de conhecimento e crítica, amadureça essa ideia de sempre falar sobre esses temas, e sempre com pessoas negras em sua composição – declarou.
Estudar, se informar, se posicionar, lutar, morrer lutando pelo que se acredita, ser libertos pelo conhecimento, foram horizontes apontados por Lúcia Talabi.
- O conhecimento nos leva a entender quais são os nossos direitos. É preciso que não tenhamos medo do conhecimento, de ousar, mostrar e disseminar conhecimento. Esse debate se faz de extrema importância no sentido de se repensar um sistema que ainda estrutura desigualdades – finalizou.