Musicoterapia oferece vida nova aos pacientes do HGG

Diante da necessidade de se adaptar à uma nova realidade, pacientes vítimas de acidentes traumáticos ou cerebrais encontram na Musicoterapia, oferecida no Hospital Geral de Guarus (HGG), a oportunidade de recomeçar. Esta é apenas uma das especialidades disponíveis no setor de Reabilitação da instituição. De acordo com o diretor interino do hospital, o secretário de Saúde Paulo Hirano, o espaço funciona de segunda a sexta, das 7h às 19h, numa sala repleta de instrumentos musicais, como piano, violão e percussão.

O atendimento é feito pelas musicoterapeutas Ana Christina Mussalém, Andrea Toledo Farnettane e Amélia Lima, graduadas pelo Centro Universitário do Conservatório Brasileiro de Música. Também conta com a participação da fonoaudióloga Verônica Stumbo. A coordenação dos trabalhos é do chefe da Reabilitação, fisioterapeuta Danúbio Fernandes. “Atendemos do bebê à Terceira Idade”, informou Andrea, explicando que seu público é formado por pacientes com sequelas neurológicas graves, além de amputados. “Trabalho com vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e trauma crânio-encefálico (TCE)”, continuou.

- Também recebemos bebês que nasceram prematuros e, em decorrência disso, apresentam alguma neurologia grave ou crianças com síndromes e paralisia cerebral – completou Ana Christina.

O tempo que um tratamento pode durar depende do paciente, da gravidade e resposta. “Cada pessoa que chega aqui para ser atendida não passa apenas por nós, mas por
outros profissionais, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e psicólogos. O paciente em reabilitação, em geral, depende de mais de uma especialidade para sua recuperação”, explicou Ana Christina.

O trabalho da musicoterapia é voltado também para os familiares de quem é submetido ao tratamento. “Conversamos com os parentes para que o que ensinamos tenha continuidade em casa. A pessoa recebe o atendimento, é orientada e precisa ganhar independência”, disse. Segundo Ana Christina, a vítima de um acidente cerebral ou traumático tem um novo corpo e precisa se readaptar a isto.

- Buscamos mostrar que a vida continua e é preciso ter independência, equilíbrio físico e emocional. Através da música, buscamos trabalhar o emocional perdido, facilitando a recuperação em outros aspectos - , avaliou Andrea.

Para Amélia, a música emociona. “Não temos o objetivo de ensinar técnicas musicais. Utilizamos os instrumentos para explorar movimentos motores e emoções através dos sons. Os resultados obtidos são surpreendentes”, garantiu.

Lições de vida - O grupo formado nas manhãs de terça-feira é compreendido, em sua maioria, por pacientes com sequelas neurológicas. É o caso de Idálio Melo e Irailma dos Santos, que comparecem ao HGG com assiduidade há aproximadamente quatro anos. Depois de sofrer um AVC, Idálio chegou na cadeira de rodas, sem falar e, hoje, se emociona com sua recuperação.

“Virei até cantor”, brinca. Os pacientes costumam ensaiar músicas acompanhando o ritmo das musicoterapeutas ao piano, estimulados pela fonoaudióloga, que ensina: “Quem não consegue cantar a música toda, fica no lá-lá-lá. O importante é mexer os músculos da língua”. O ensaio resulta em apresentações, em datas comemorativas, pelos vários setores do hospital.

Irailma, vítima de isquemia, também não falava. “Minha vida ficou difícil. Não conseguia me comunicar em casa e, apesar de ter fé na recuperação, muitas vezes, o pessimismo era mais alto. Minha filha perguntava o que eu queria e eu não conseguia responder. Era um sofrimento muito grande. Vivia jogada num canto. Hoje, choro muito porque preciso falar devagar, não é como antes, mas recuperei minha independência”, informou.