A apresentação dos trabalhos de conclusão do curso de especialização em Educação do Campo reuniu alunos e organizadores nesta sexta (5) no Palácio da Cultura. Promovido pela Escola da Terra em parceria com o Instituto Federal Fluminense e a Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct), o encontro teve quatro defesas de final de curso e marcou a conclusão de uma formação iniciada em novembro de 2024 voltada para professores do ensino básico.
O curso foi desenvolvido em dois polos presenciais e formou 70 profissionais. O polo do Instituto Federal Fluminense em Cambuci contou com 21 cursistas e teve a adesão das secretarias municipais de educação de Cambuci e de São Fidélis. O polo em Bom Jesus do Itabapoana reuniu 49 cursistas e incluiu participantes de Campos dos Goytacazes, São Francisco do Itabapoana, Itaperuna e Bom Jesus do Itabapoana.
Os quatro trabalhos defendidos abordaram temas considerados urgentes para a educação do campo. Entre os assuntos estiveram pedagogias que reconhecem a cultura local, propostas de atividades vinculadas à cultura leiteira, avaliações de práticas de ensino contextualizadas e estudos sobre inclusão e diversidade nas escolas do campo. Esses projetos foram apresentados com base em pesquisa de campo e registros das vivências comunitárias.
Segundo o coordenador do curso, Eduardo Moreira, a programação da manhã favoreceu o diálogo entre teoria e prática. “Foi uma manhã muito rica, com muita troca de experiências. Os trabalhos levantaram temas importantíssimos, como educação antirracista, educação no campo, práticas pedagógicas contextualizadas e a valorização da identidade cultural na escola”, disse Eduardo. O coordenador também destacou a menção ao uso de produtos do campo como ferramentas de ensino em consonância com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular).
Com a conclusão, os participantes receberão certificação de especialistas em pós graduação lato sensu pedagógica em Educação do Campo, o que os habilita a atuar nas diferentes subáreas dessa modalidade, desde a educação infantil até a pós graduação. A formação busca qualificar práticas que conectem saberes locais e formalidade curricular, ampliando possibilidades pedagógicas nas redes municipais.
A supervisora de Educação em Tempo Integral da Seduct, Ana Márcia Scot, que participou do curso, ressaltou a transformação que a formação tende a provocar nas escolas e nas comunidades. “Aprofundar os conhecimentos sobre identidade camponesa e o papel histórico da escola do campo ampliou o olhar para os saberes, as práticas e a cultura das comunidades que vivem e produzem no território”, afirmou Ana Márcia. Ela acrescentou que a escola do campo se revela como espaço de preservação da memória e de fortalecimento da presença camponesa.
A grade curricular da especialização incluiu temas como a história da educação do campo, políticas públicas específicas e a pedagogia da alternância como método de mediação educativa, com sua fundamentação legal. O programa contemplou ainda módulos sobre educação patrimonial, educação quilombola, educação indígena, a relação entre campo e cidade, agroecologia e metodologias ativas aplicadas ao contexto rural.