A cerimônia de premiação do Concurso Municipal Partilha de Saberes e Boas Práticas, que aconteceu esta semana no auditório da Prefeitura, foi mais do que um reconhecimento do esforço e dedicação à Educação; foi um momento para celebrar metodologias com resultados comprovados na alfabetização e para fomentar a troca ativa de experiências entre comunidade escolar e autoridades municipais.
O concurso foi uma iniciativa da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct) e premiou três trabalhos que serão publicados para acesso público no mês de outubro com o objetivo de ampliar a disseminação de metodologias eficazes. A cerimônia incluiu certificações, registro fotográfico e um momento de confraternização. A administração municipal espera que as práticas premiadas sirvam de referência para iniciativas permanentes de formação e partilha de saberes na rede.
O primeiro lugar ficou com “Na Mala dos Gêneros: Textos que viajam”, coordenado pela professora Paloma da Silva Guimarães e realizado na Escola Municipal José do Patrocínio. O segundo e terceiro lugares ficaram com “Palavras que Contam Histórias” e “Jornal Escolar como Recurso Pedagógico Inclusivo na Alfabetização e Letramento”, das professoras Luciana Maraia (Escola Municipal Dr. Francisco Manoel Pereira Crespo) e Francislaine Cavichini de Souza (Escola Municipal Pequeno Jornaleiro), respectivamente. As duas primeiras colocadas foram habilitadas para representar o município em etapas regionais. Além da premiação, mais 9 professoras foram certificadas.
A proposta do projeto vencedor é trabalhar receitas, poemas, cartas, fábulas e textos de rotina por meio de uma mala simbólica que guarda produções e registros fotográficos. Paloma conta que as atividades do primeiro semestre de 2025 incluíram receitas de massinha de modelar, poemas com foco em rimas, quadros de rotina visual, cartas com aliteração e apresentações para famílias. Ela ressalta ainda que dados da plataforma Criança Alfabetizada evidenciam os bons resultados do projeto: redução da defasagem de 32% para 16% e aumento dos alunos com aprendizado adequado de 52% para 85%.
Para Paloma, “esta premiação representa o reconhecimento de que é possível alfabetizar respeitando a infância, valorizando a ludicidade e criando vínculos afetivos com a aprendizagem”. A professora destaca ainda o engajamento das famílias no projeto, comprovando que “mais do que técnicas pedagógicas, desenvolvemos um trabalho de amor pela educação”.
A professora Luciana Maraia também ficou muito animada com a premiação. “Foi uma grande satisfação viver esse momento, após 22 anos de docência na rede municipal de Campos. Posso afirmar ser um marco na trajetória educacional do município ter momentos de partilha como esse”, contou. O projeto que coordena envolve o uso de tecnologias educativas e de gêneros digitais - como ciberpoemas e nuvens de palavras - para valorizar o repertório cultural dos estudantes e estimular publicações na página virtual da escola.
O projeto de Francislaine na EM Pequeno Jornaleiro, por sua vez, utiliza o jornal produzido pela própria escola como ferramenta para alfabetizar e letrar. A iniciativa nasceu do encontro entre a formação em jornalismo da professora e a prática em sala, e foi organizada segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para trabalhar leitura, pesquisa, interpretação, escrita e oralidade. A professora falou sobre a emoção de receber esse prêmio: "Ser reconhecida mais uma vez é motivo de muita alegria. No ano passado, com o Sussurrofone, e agora com o jornal escolar, que é um sonho realizado". Ela acrescentou que o projeto atende turmas com alunos que apresentam diferentes necessidades educativas e busca promover a socialização e a oralidade por meio do processo jornalístico.
A secretária de Educação Tânia Alberto destacou o papel das premiações na valorização do trabalho docente e na difusão de práticas pedagógicas, afirmando que “precisamos reconhecer esforços para atualizar nossa forma de trabalhar com a Educação, principalmente com as novas tecnologias em sala de aula”. Tânia também apresentou o Ururauzinho, mascote da alfabetização - inspirado no mascote do SAEB.
Tanto a subsecretária Célia Ferreira quanto a diretora pedagógica Viviane Terra reforçaram a importância de proporcionar que as experiências premiadas possam ser adotadas por outras escolas. Para Célia, "é importante que façamos com que iniciativas como essas sejam cada vez mais comuns no dia a dia das escolas". Viviane acrescentou: "Estamos devolvendo aos professores o que merecem, reconhecimento e valorização. Não há sucesso, não há resultados na Educação, se não reconhecermos e inspirarmos quem está na sala de aula”.
Layla Constantino, articuladora municipal do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA), ressaltou a importância do encontro para a rede municipal de ensino. “Mais do que uma ação vinculada ao CNCA, o concurso consolida o reconhecimento e a divulgação de práticas que impactam diretamente na qualidade do ensino, promovendo inovação, intencionalidade pedagógica e o compromisso coletivo com o direito de aprender de todos os estudantes”, declarou.