A tecnologia e a reflexão sobre seu lugar na escola voltaram a ocupar o palco do Teatro Trianon nesta quarta (17), com o segundo dia do IV Seminário de Tecnologias e Mídias Digitais. O encontro reuniu educadores, gestores e especialistas em torno de debates e práticas que conectam inovação, formação docente e uso responsável das telas. O evento é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct).
Logo pela manhã foram premiadas as obras vencedoras do Curta Campos na Escola. As produções estudantis que ganharam o festival foram “Enquanto Houver Memória”, da Escola Municipal Instituto Profissional São José (Anos Iniciais do Ensino Fundamental), “Entre Páginas e Séculos”, da Escola Municipal José do Patrocínio (Anos Finais) e “Review do Filme Sob Domínio da Fé 1995”, da Escola Municipal Maria Lúcia (Educação de Jovens e Adultos).
Os curtas premiados foram destacados como exemplo do trabalho pedagógico que une linguagem audiovisual e temáticas locais. Os jurados que escolheram os melhores curtas – Cláudia Eleonora, Felipe Fernandes, Gustavo Oviedo, Marcelo Sampaio e Vitor Sendra – foram homenageados e chamados para entregar prêmios para os vencedores.
Durante a abertura, onde foi exibido um vídeo do Estação Educação, o evento contou com falas da coordenadora pedagógica do projeto, Carolina Sobrinho e da diretora de Programas e Projetos, Anna Karina de Azevedo y Oviedo. Carolina falou que “este é um espaço onde a Educação ganha forças e ultrapassa fronteiras, aproximando estudantes de pesquisa e projetos inovadores” e Anna Karina exaltou o Curta Campos, dizendo que “foi um festival onde houve sentimento de pertencimento, de resgate da nossa história e da nossa cidade”.
A primeira palestra do dia foi “Cultura de dados para um Ensino baseado em Evidências” com Leandro Bento de Castro. Leandro abordou a importância de mapear informações sobre aprendizagem para orientar decisões pedagógicas, apresentou formas de coleta e visualização de dados escolares e discutiu como transformar evidências em estratégias de formação docente orientadas por resultados concretos.
Em seguida foi realizado o painel “Conectados demais? A infância nas telas digitais”, com as especialistas Luiza Loureiro Coutinho, Lana Maria e Roberta Santana, mediado por Eliana Crispim França Luquetti. As participantes analisaram o impacto do uso de dispositivos no desenvolvimento da linguagem e na alfabetização, apontaram variações comunicativas próprias do mundo digital e defenderam práticas de mediação pedagógica que introduzam criticidade no uso das telas por crianças.
MAIS DEBATES E TROCA DE IDEIAS
O evento seguiu à tarde com exibição de vídeos do Curta Campos na Escola e uma série de palestras que prometem ampliar o debate sobre inteligência artificial e ensino e com as conferências “Do neurônio ao algoritmo: neurociência, linguagem e o futuro da prática docente em tempos de IA” com Nicole Silva Stallivieri, “A inteligência artificial já saiu de moda?!” com Pompílio Guimarães Reis Filho e “IA e aprendizagem ativa convergências para uma prática docente inovadora” com Emilly Fidelix. O dia será encerrado com o show Sun Shine, de Vitor Vieira.
Na quinta (18), as atividades práticas seguirão no Auditório Crista Bastos do IFF pela manhã, com a oficinas “IA na escola: Um laboratório de possibilidades”, ministrada por Emilly Fidelix e “Desconectar para Reconectar: Tecnologia e Equilíbrio Emocional”, conduzida por Vinícius Laerte Guimarães. À tarde, a Escola de Formação de Educadores Municipais (EFEM) receberá duas sessões da oficina “O microbit e suas potencialidades em projetos educacionais”, com Fermín Alfredo Tang Montané.
EVENTO SIMULTÂNEO
Durante o seminário, acontece a IV Feira de Educação, Inovação e Tecnologia, que reúne práticas pedagógicas inovadoras desenvolvidas em 63 escolas da rede municipal. A gerente de Tecnologias Educacionais da Seduct, Luciane dos Santos Morais, informa que, ao todo, são 20 atividades planejadas pelos professores orientadores, em parceria com os docentes regentes.
Entre os projetos apresentados, estão “Algoritmos, lógica e programação: ideias iniciais”, “Saúde bucal: uma proposta gamificada com Scratch e Makey” e “ Missão 3D – Construindo o Tesouro das Cores”. A professora Carla Mara Martins, responsável pelo primeiro projeto, explica que se trata de uma atividade educacional que promove o aprendizado prático de algoritmos, lógica de programação e conceitos de automação e robótica. “O projeto estimula a criatividade na montagem e programação de protótipos, além do uso de recursos como sensores, LEDs, motores e placas controladoras”, explica.
Mychelle Mérida, uma das professoras de “Saúde bucal: uma proposta gamificada com Scratch e Makey”, explica que o projeto utiliza conceitos da Cultura Maker para uma atividade que mostra como fazer uma boa escovação dos dentes. “Utilizando a placa Makey Makey, o aluno controla a escova de dentes, em uma animação no computador, entendendo como deve fazer corretamente, até aparecer a Fada do Dente”, conta Mychelle.
O projeto “Missão 3D – Construindo o Tesouro das Cores”, conforme conta Alessandra de Oliveira, consiste em um jogo de tabuleiro onde, para avançar, o jogador deve escolher uma carta com diversos níveis de dificuldade. Cada carta aponta um desenho a ser feito com uma caneta 3D, desenvolvendo aspectos estéticos e artísticos. “Essa é uma iniciativa de Artes, voltada tanto para mostrar as funcionalidades e possibilidades de uma caneta 3D quanto para explorar o que pode ser feito com a tecnologia em aspectos artísticos”, conta Alessandra.
A feira, que segue até amanhã, está organizada em duas modalidades: “on” com atividades plugadas que utilizam recursos digitais, e “off”, com ações desplugadas que priorizam estratégias lúdicas e criativas. Todas as propostas foram reunidas em um e-book, que apresenta planos de aula, links de apoio e sugestões por segmento de ensino – da Educação Infantil aos Anos Finais e também para a EJA.