Olhares difíceis de serem decifrados, algumas vezes distantes, sorrisos acanhados em rostos sofridos, vidas marcadas por rótulos impostos pela sociedade e a luta constante contra os preconceitos sociais. As histórias mostram marcas difíceis de serem apagadas e a solidão se torna, na maioria dos casos, a companheira constante. É pela luta ao respeito pelas diferenças, que os Centros de Atenção Psicossociais (Caps) de Campos lutam diariamente. E o Caps Álcool e Drogas (Caps AD), que faz parte do programa de Saúde Mental da secretaria municipal de Saúde, é um dos quatro Centros que compõem a rede de atendimento.
— Atendemos a livre demanda, ou seja, a todos que vêm em busca de ajuda para superação de seus problemas. Atualmente, temos conosco cerca de 400 usuários, mas esse número é flutuante. Nossa instituição funciona 24 horas por dia e, em muitos casos indicados pela equipe, após avaliação, os pacientes ficam acolhidos. Nossa luta é pela recuperação dessas pessoas, reintegrando-as à sociedade, à família — destaca a coordenadora do Caps AD, a psicóloga Fernanda Chagas.
Atualmente, o município conta com quatro Caps — sendo um infantil, um AD e outros dois que atendem pessoas com outros transtornos mentais. Em todos, as equipes multidisciplinares trabalham com o objetivo da reinserção do paciente à sociedade, ao convívio com os amigos e com a família. A aprovação, em 2001, da lei 10.216, a Lei da Reforma Psiquiátrica, instituiu os Caps como serviços que substituem a internação. Atualmente, os tratamentos fora dos hospitais psiquiátricos têm como base o respeito, o carinho e a independência dos usuários.
Leandro Alvarenga Nogueira é usuário no Caps AD há 20 anos. A unidade se tornou sua segunda casa desde que ele perdeu a esposa, os filhos e os amigos para as drogas.
— Se não fosse o Caps não sei o que seria de mim. Perdi todos que eu gostava devido ao vício. Não desisti da minha recuperação. É difícil, tive recaídas, mas toda equipe do Caps sempre me ajudou a seguir em frente. Sou muito grato a todos por me motivarem sempre. Hoje tenho dignidade — disse.
Silas Sales da Conceição é usuário do Caps há 16 anos. As drogas também o fizeram perder a família e os amigos. “Antes do Caps fui internado em uma instituição, mas só no Caps encontrei paz para minha recuperação. A equipe é muito atenciosa e faço questão de participar das oficinas”, concluiu.
Para proporcionar um atendimento de mais qualidade e conforto aos usuários, a unidade está passando por reformas, com adaptações não só de melhoria da acessibilidade, mas também estrutural, de manutenção, reparos hidráulicos e elétricos. O atendimento continua normalmente durante as intervenções.
— Como temos usuários que precisam de um tratamento mais intensivo, estamos reformando os quartos, para aumentar as acomodações de quatro, para 10 leitos. Com a reforma, também vamos dividir salas grandes e transformá-las em consultórios para atendimentos individuais. Os banheiros terão melhor acessibilidade e divisão e está sendo construída ainda, uma área de repouso confortável para nossa equipe de enfermagem que faz plantão 24 horas. O projeto ainda inclui a construção de uma quadra poliesportiva — concluiu Fernanda.
O Caps AD está localizado na rua José do Patrocínio, 102, Centro.