Notícia no detalhe

Jornalista, policial e cineasta participam de mesa sobre violência urbana

Subcomandante do 8º BPM frisou durante debate que policial não pode ser visto como gerador dos problemas. "A Polícia tem que trabalhar em companhia da sociedade"

Por: Leonardo Barros - Foto: Renan Liu/Héllen Souza - 22/11/2018 - 19:13:09

A 10ª Bienal do Livro de Campos recebeu a mesa Muros Invisíveis: segregação social, Racismo e Violência Urbana na tarde desta quinta-feira (22), no Auditório Cristina Bastos, no Instituto Federal Fluminense. A jornalista Daniela Arbex, dona de dois Prêmios Jabuti e autora do best-seller Holocausto Brasileiro, foi uma das participantes do debate, que também contou com o cineasta Fernando Sousa e o subcomandante do 8° BPM (Campos) o tenente-coronel Robson. O diretor de projetos da Superintendência da Igualdade Racial (Supir), Diogo Lima mediou o debate. Confira a programação completa da Bienal neste link (AQUI).

Mineira de Juiz de Fora, Daniela tem mais de 20 prêmios de jornalismo nacionais e internacionais. “Holocausto Brasileiro” vendeu mais de 300 mil cópias. Ela também é autora “Cova 132” e “Toda a noite a mesma história”. A jornalista detalhou a sua experiência no assunto da mesa.

- Desde o início da minha carreira, trabalho com a denúncia da violação dos direitos. Dar voz a que não é ouvido, criar essa conscientização. Por isso, é sempre importante ter esse tipo de debate, principalmente em uma Bienal. É uma forma de resistência - disse Daniela Arbex, que também exibiu partes do documentário do Holocausto Brasileiro produzido pela HBO: "O sistema de segurança pública no Brasil tem que ser repensado. Aqui morrem mais pessoas do que em países em guerra declarada. Somos uma sociedade que mata e morre", completa.

Autor do documentário Nossos Mortos têm Voz, exibido na Bienal nesta quinta (22), Fernando Sousa pediu uma autocrítica por parte das forças de segurança, exibindo alguns casos. "Estamos no tempo de assumir os erros, uma autocrítica. Não é uma fala contra os policiais, pois há estudos sérios que mostram que esses profissionais também sofrem com questões médicas. Não são dados retirados do nada, mas sim de pesquisas séries, de profissionais qualificados".

Subcomandante do 8°BPM desde janeiro, tenente-coronel Robson fez um relato sobre a atuação da Polícia Militar na área abrangente pelo Batalhão - Campos, São João da Barra, São Fidélis e São Francisco do Itabapoana. De acordo com ele, atualmente o efetivo é de 984 policiais. Número bem menor do que anteriormente, quando chegou a ter cerca de 1.450 policiais.

- Sou nascido em Niterói, morei muitos anos no Morro do Céu. Isso é para mostrar que policial tem a sua vida social, ele não vem de Marte, de fora da realidade. O policial não pode ser visto como gerador dos problemas, como é apontado. A Polícia tem que trabalhar em companhia da sociedade, que deve denunciar, dar sugestões – destacou o subcomandante do 8°BPM.