Unidos pela língua e por traços culturais, Brasil e países africanos têm muito em comum. A 10ª Bienal do Livro de Campos irá debater o que aproxima estas nações, no dia 21 de novembro, a partir das 11h, na mesa “Brasil África: Pontes Literárias e Diálogos Históricos”, no Auditório Cristina Bastos no Instituto Federal Fluminense (IFF), campus Campos-Centro. Mediado pela mestra em Planejamento Regional e Gestão de Cidades e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Campos, Carmem Eugênia, o debate será entre a historiadora Cléa Leopoldina, a pós-doutora e atual diretora da Casa de Cultura Villa Maria, Simone Teixeira, e o jornalista e assessor especial, Rogério Soares.
São seis os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palop). O elo da linguagem aproxima a literatura de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, além da Guiné Equatorial, que adotou o idioma recentemente. De acordo com Carmem Eugênia, a mesa de debate irá além e abordará a construção do Brasil, edificado a partir de várias Áfricas. Ela avalia que sem se aprofundar no conhecimento sobre o continente, não é possível entender a identidade brasileira.
— Só podemos começar a entender o que somos a partir do que nós trazemos de cultura, de tradição e de pertencimento da população negra, que aqui veio numa migração forçada. E quando a gente fala de pontes literárias nós temos que pensar o quanto nós somos importantes no referencial da literatura africana de língua portuguesa, principalmente, para os países do Palop. No debate, iremos citar também vários autores que são destaque da literatura africana de língua portuguesa, como Mia Couto, Pepetela e José Eduardo Agualusa — disse Carmem Eugênia.
Através do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 foi buscada uma ortografia unificada para o português, a ser usada por todos os países de língua oficial portuguesa. O Brasil foi o terceiro dos oito países que assinaram o tratado a tornar obrigatórias as mudanças, a partir de 2016. A intenção foi facilitar o intercâmbio cultural e científico entre os países. Este será um dos temas abordados, como comenta Rogério.
— Vamos abordar como o acordo da Língua Portuguesa facilitou esse intercâmbio cultural e remeteremos também a como esta ponte Brasil África está arraigada em nossa cultura através da influência das línguas dos povos da África que vieram para cá, como quimbundo, quicongo, Iorubá — disse Rogério, assessor especial da Secretaria de Governo, responsável por iniciar a construção do acordo internacional que vai trazer 68 alunos de Angola para cursar graduação e pós-graduação na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). .
A Feira — A 10ª Bienal do Livro de Campos tem o patrocínio da concessionária Águas do Paraíba e da Realiza Construtora, com realização da Prefeitura de Campos e Sesc, e conta também com o apoio do Boulevard Shopping e Instituto Federal Fluminense (IFF). Esta edição será realizada no mesmo local da primeira e terá como patrono Nilo Peçanha, campista que foi presidente do Brasil (1909/1910). A bienal homenageará também Antônio Roberto Fernandes, Félix Carneiro (Felinho) e Lenilson Chaves, que implantou a Bienal do Livro em Campos, em 2000.
Toda a programação da 10ª Bienal do Livro de Campos está sendo elaborada por uma comissão da FCJOL e do Sesc e terá uma economia de R$ 1,3 milhão em estrutura.