A gerência de Inclusão Produtiva e Solidária, da secretaria municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS), entregou nesta sexta-feira (12), os primeiros 13 “polvinhos de crochê” da parceria firmada com o Hospital dos Plantadores de Cana (HPC), para ajuda na recuperação dos nascidos prematuros internados na unidade. Há um mês, o hospital utiliza uma técnica inovadora surgida na Dinamarca em 2013, que ao colocar os polvos nas incubadoras, ajuda a melhorar a frequência cardíaca dos bebês e auxilia nas condições gerais do recém-nascidos.
— Os tentáculos do polvo assemelham-se ao cordão umbilical "tirado abruptamente" do bebê nascido prematuro. Ao experimentar esse contato, ele tem a sensação do ambiente uterino e mostra-se mais reconfortado. Estamos num período de observação, mas já podemos afirmar que na maioria dos casos, os resultados são bastante satisfatórios — informou o coordenador técnico da Unidade Neonatal, pediatra Marianto de Freitas Cunha Filho, com mais de 30 anos de profissão.
No Brasil, a técnica foi utilizada primeiro em Brasília, passando por Curitiba e depois São Paulo. Em Campos, o HPC "abraçou" a ideia e vem utilizando com prematuros nas 40 incubadoras da UTI e Unidade Intermediária (UI). “Podemos sentir a felicidade dos pais vendo a resposta positiva dessa técnica na evolução dos prematuros”, explicou a enfermeira Pâmela Costa.
A parceria da SMDHS soma-se a um trabalho já em andamento de um grupo de mais de 50 artesãs que vêm fornecendo os “polvinhos” ao HPC. Para a secretária Sana Gimanes, que teve a satisfação de retornar ao hospital onde realizou sua pesquisa de doutorado, a parceria é bem oportuna. “As alunas têm a oportunidade de retribuir com esse trabalho de humanização, numa espécie de contrapartida pelo curso gratuito que estarão fazendo”, explicou.
A SMDHS vai fornecer de 20 a 25 “polvinhos” por mês ao HPC. Eles têm que ser confeccionados observando determinadas especificações de tamanho e material, para não causar problemas aos prematuros. “Tem que ser feitos com linha 100% algodão e com manta siliconada, pois passarão por rigoroso tratamento de esterilização”, explicou a enfermeira Arilza Machado.
A ideia é manter “polvinhos” reservas, para a eventualidade de alguns terem que ser substituídos. Como a rotatividade de prematuros na unidade é alta, com média de dez bebês saindo e outros dez entrando todas as semanas, haverá necessidade de reposição continuamente. “Manteremos contato permanente com as enfermeiras para que nos mantenham informadas”, explicou a gerente de Inclusão Produtiva da SMDHS, Cláudia Gonçalves.
Uma das carências é falta de material para o primeiro grupo de artesãs que já vem fazendo os “polvinhos”. As enfermeiras estão organizando uma campanha para que a comunidade possa doar linha de crochê 100% algodão e manta siliconada. “As doações podem ser feitas em qualquer dia e a qualquer hora, aqui na portaria do hospital”, orienta Arilza.