Campos sediou, nesta quarta-feira (22), a 3ª Oficina Regional sobre Marcos Motores no Desenvolvimento Infantil, reunindo profissionais de saúde da Região Norte e Noroeste Fluminense. O encontro, promovido pelo Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (Cosems/RJ) com apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Campos, aconteceu no auditório do Centro Administrativo José Alves de Azevedo (CAJAA). A atividade destacou a importância da Atenção Primária em Saúde (APS) no acompanhamento do desenvolvimento infantil, incentivando o uso da Caderneta da Criança e a identificação precoce de possíveis atrasos motores.
A abertura foi realizada pelo secretário de Saúde, Paulo Hirano, ao lado da pediatra e neuropediatra Manuella Pinto Pessanha Siqueira, representante do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); do Flavio Badaró, consultor técnico do Instituto de Fomento, Apoio e Desenvolvimento da Assistência Farmacêutica (IFADAF); e da Renata Schott, acesso público da Roche.
Durante seu pronunciamento, Hirano destacou o papel fundamental do Cosems como instância de diálogo entre os municípios, o Estado e o Ministério da Saúde. Também enfatizou que o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (APS) é essencial para o bom funcionamento do sistema de saúde.
FOTO: Valquíria Azevedo / Divulgação
“Cada vez mais devemos fortalecer a Atenção Primária, porque é lá que tudo começa. Em Campos, estamos caminhando para o fortalecimento pleno da Atenção Primária. Resgatamos mais de 50 unidades de saúde nos últimos quatro anos e reimplantamos a Estratégia de Saúde da Família. Em 2021, tínhamos apenas duas equipes cadastradas no Ministério da Saúde e hoje são mais de 66 equipes. Estamos avançando, apesar da grande extensão territorial do município, que ainda representa um desafio para alcançar a cobertura plena”, destacou Hirano.
A médica Manuella, que possui ampla experiência no cuidado e desenvolvimento infantil, foi a responsável pela condução da oficina que teve como tema “SUSpeitando do Raro através da Caderneta da Criança na Atenção Primária”. O encontro, dividido em dois blocos, promoveu reflexões e apresentou estratégias para fortalecer o cuidado integral às crianças e suas famílias.
“Os profissionais da Atenção Básica são os que recebem primeiramente os pacientes com atraso no desenvolvimento, com doença rara. Então, é muito importante a identificação precoce dos sinais e sintomas de atraso no desenvolvimento para que a gente consiga atendimento especializado para essas crianças. Fazer essa rede aqui hoje com os profissionais da Atenção Básica de todo o Norte e Noroeste para mim é um sonho, é superimportante porque a gente consegue levar saúde, prevenção e cuidado para a população”, disse.

A média destaca que a Caderneta da Criança é uma ferramenta extremamente importante e acessível a toda população. “A Caderneta da Criança é um documento muito importante. Muitas pessoas só têm a noção de que ela está ali para colocar os dados da vacinação, mas não é bem assim. Ali, tem todos os marcos de desenvolvimento, da linguagem e da cognição. Então quais são os principais marcos? Um bebê por volta de 3 meses tem que estar sustentando a cabeça, por volta de 4 meses tem que estar rolando, por volta de 6 meses sentando sem apoio das mãos, por volta de 9, 10 meses engatinhando, com 12 meses esse bebê já tem a condição de andar com apoio e até 15 meses andar sem apoio. Se tem qualquer coisa diferente disso nos marcos de desenvolvimento, a gente liga o alerta que essa criança pode ter um atraso e precisa ser encaminhada para o serviço especializado de saúde”, explicou Manuella.
A enfermeira da Estratégia Saúde da Família, Keity Magalhães, falou sobre a importância do estímulo ao uso da Caderneta da Criança. “Como enfermeira da Estratégia a gente acompanha toda a família, inclusive as crianças. E, essa oficina veio mostrar todos marcos de desenvolvimentos que são normais e os pontos que não são normais para que a gente possa estar acompanhando o desenvolvimento dessas crianças. Também estimulou o uso da Caderneta da Criança não apenas para anotação das vacinas e sim como instrumento para acompanhar o desenvolvimento dessa criança. Ela é um instrumento que a família deve usar, deve ler e que os profissionais de saúde devem registrar as informações do desenvolvimento infantil”.
Manoel Santos, assessor técnico do Cosems, relatou que o Cosems escolheu o tema do desenvolvimento motor na infância devido ao aumento das dificuldades observadas desde a pandemia. Segundo ele, muitos municípios têm uma dificuldade muito grande de contratar não só pediatra, como também neurologistas, neurocirurgiões.
“A necessidade de a gente começar a capacitar principalmente a Atenção Primária em Saúde, que é uma atribuição do município pois são eles que tocam essas ações todas, é muito importante porque a gente não conseguia detectar esses atrasos motores nas crianças. Isso ia aparecer lá na frente com crianças com mais idade ou até adulto, sobrecarregando não só o sistema de saúde, mas financeiramente todas as despesas inerentes ao acompanhamento desse desenvolvimento que faltou na infância”.