O esporte mais popular entre os brasileiros, o futebol, também ganhou espaço na 10ª Bienal do Livro de Campos, neste domingo (25), com a realização da mesa de debates "Toque de Letra: Paixão pela Bola", no auditório Reginaldo Rangel da Silva, no Instituto Federal Fluminense (IFF-Centro). Mediada pelo radialista e locutor esportivo Arnaldo Garcia, a mesa teve como debatedores o escritor e pesquisador Luiz Antônio Simas, o jornalista Leonardo Barros, o também jornalista e articulista Paulo Renato Pinto Porto e o ex-jogador de Futebol Odvan.
Garcia iniciou perguntando a Simas sobre a evolução do futebol brasileiro e suas perspectivas. O pesquisador buscou as raízes do esporte no país para se posicionar.
- O futebol começou como um esporte de elite e foi tomado pelas massas. No início, só ricos praticavam o esporte. Mas com o tempo, o pobre ganhou espaço e o esporte se tornou popular nas primeiras décadas do século passado. Mas hoje vemos o que pode ser a reversão desse movimento. O esporte passa por um nítido processo de elitização que se acentua a cada dia - avaliou.
Questionado sobre a dificuldade de se "garimpar" novos craques, Odvan citou o espaço cada vez mais restrito para a prática das antigas "peladas", que revelavam muitos jogadores. "Quando eu era criança, havia pelo menos oito campos de futebol no Parque Aurora, onde fui criado. Hoje esses espaços não existem mais, foram tomados pelo setor imobiliário. Sou "olheiro" do Vasco e tenho muita dificuldade de encontrar novos bons jogadores entre a garotada", explicou Odvan.
O mediador questionou ao jornalista Leonardo Barros, se a perda de referência para os jovens não estaria prejudicando o surgimento de novos valores. "Creio que sim, porque temos cada vez menos referências. Odvan era uma referência para os jovens de Campos, que já revelou muitos outros jogadores. E hoje temos apenas Gil, que já está com mais de 30 anos. E quando ele parar? E os estádios de Campos também só vêm se deteriorando. Estamos cada vez mais perdendo espaço", avalia.
Sobre o questionamento se futebol não vem se tornando cada vez mais um "mercado", Paulo Renato foi ainda mais enfático. "Não apenas se tornou a fonte de grandes negócios, muitos deles escusos, como também é um caminho sem volta. Além da geopolítica, nos tornamos periféricos também nessa área. A disparidade é muito grande quando confrontamos os orçamentos dos grandes clubes europeus com os brasileiros. Nosso futebol hoje é respeitado apenas por sua história", afirmou.
Ao final de mais de uma hora de debate, a plateia pôde fazer perguntas aos debatedores, que fizeram esclarecimentos ou apresentaram suas opiniões sobre questões como a violência no futebol, o eterno questionamento sobre o fim ou não dos campeonatos estaduais e propostas para levar o torcedor de volta aos estádios, dentre outras questões.