Segundo o jornalista e roteirista do documentário, Vitor Menezes, a ideia inicial era mostrar uma ocupação do Movimento Sem Terra (MST) na antiga usina Cambaíba, mas a história ganhou novos capítulos com a denúncia do ex-delegado do Dops (Departamento de Ordem Pública e Social), Cláudio Guerra, de que o local foi utilizado nos anos 70, para queimar corpos de militantes políticos vítimas da ditadura. E teve ainda o assassinato do líder do movimento, Cícero Guedes dos Santos. A produção do documentário é do Departamento de Comunicação do Sindipetro-NF.
O documentário, que também teve produção da jornalista Luciana Fonseca,ae esteve presente na exibição do filme, registra a madrugada da ocupação do MST nas terras da antiga usina Cambaíba. “Queríamos mostrar como acontece uma ocupação, quem são essas pessoas e como chegam a um acampamento”, explicou Vitor, jornalista do departamento de Comunicacao do Sindipetro-NF.
Durante o debate, Vitor destacou algumas curiosidades descobertas durante a produção do documentário, como os codinomes usados para ocupação de terras, como forró e casamento.
Além do depoimento de Cláudio Guerra, autor das denúncias sobre o desaparecimento de corpos no livro “Memórias de uma guerra suja”, gravado no próprio local onde, segundo ele, teriam ocorrido os crimes, o documentário também traz outros depoimentos, como o do líder do MST, João Pedro Stédile, um dos maiores defensores da reforma agrária no país; do procurador geral da República, em Campos, Eduardo Oliveira, de assentados e, também, da ex-proprietária da usina, Cecília Ribeiro Gomes, que nega as denúncias do ex-delegado.
- Cambaíba não é só uma história de ocupação. É muito mais do que isso. Este documentário mostra três histórias que se passaram na antiga usina. Os depoimentos do ex-delegado do Dops são muito fortes – relata Vitor.
Ele destaca a importância de temas como a reforma agrária, a ditadura militar e a ação dos movimentos sociais estarem em debate durante a bienal. “É especialmente importante que estes temas apareçam representados em um cenário local, o que nos insere nestes grandes debates nacionais com um exemplo muito próximo”, destacou o professor e vice-presidente da Associação de Imprensa Campista (AIC), Vitor Menezes.
A 10ª Bienal do Livro de Campos tem o patrocínio da concessionária Águas do Paraíba e Realiza Construtora, com realização da Prefeitura de Campos e Sesc, e conta também com o apoio do Boulevard Shopping e Instituto Federal Fluminense (IFF). Esta edição será realizada no mesmo local da primeira e tem como patrono Nilo Peçanha, campista que foi presidente do Brasil (1909/1910). A bienal homenageará também Antônio Roberto Fernandes, Félix Carneiro e Lenilson Chaves, que implantou a Bienal do Livro de Campos.