O Brasil registrou, no último ano, a média de 164 casos de estupros por dia. Esse é um dos motivos que mostram que “Feminismo não é Mimimi”, como propõe a mesa da 10ª Bienal do Livro de Campos, no próximo dia 22, às 20h, no auditório Cristina Bastos no Instituto Federal Fluminense (IFF-Centro). A conversa contará com uma referência nacional sobre gênero, raça e feminismo, a escritora Carla Akotirene; também com a historiadora e escritora indígena, Aline Rochedo; a cantora, jornalista e designer gráfico Mariângela Honorato e atriz e socióloga Paola Souza. A mediação será da presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Campos (COMDIM), Vanessa Henriques.
Os dados referentes ao número de estupros em 2017 é do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Segundo o estudo, foram contabilizados 60.018 estupros e 221.238 casos de lesão corporal dolosa enquadrados na Lei Maria da Penha em 2017, o que significa 606 casos por dia. Vanessa Henriques, que também é assessora da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS), comenta a importância de desmistificar o que é o feminismo para a sociedade.
— Acho importante, sobretudo neste momento, falarmos sobre feminismo porque estamos vendo crescerem os números de ataques às pessoas que fazem parte de minorias, não só mulheres, mas negros e pessoas LGBT. É muito importante desmistificar o feminismo para o senso comum, já que muitos veem como se fosse uma questão de oposição aos homens ou pensam existir um estereótipo físico relacionado ao feminismo. A desigualdade existe no nosso mundo, está diminuindo com muita luta, mas ainda é muito forte — comentou Vanessa.
Debatedoras visitantes — Doutoranda pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) Carla Akotirene é referência nacional em estudos sobre gênero, raça e feminismo. Lançou neste ano o livro “O que é Interseccionalidade?”, dentro da coleção “Feminismos Plurais”, elaborado pela filósofa Djamila Ribeiro. Já Aline Rochedo Pachamama é pesquisadora vinculada a Secretaria de Estado de Cultura com o projeto de mapeamento de mulheres indígenas em contexto urbano. Indigena, da etnia Puri, é idealizadora e diretora da Pachamama Editora, que promove projetos voltados para as literaturas bilíngues dos Povos Originários. Doutoranda em História Cultural pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ
Realização — A 10ª Bienal do Livro de Campos tem patrocínio da concessionária Águas do Paraíba e Realiza Construtora, com realização da Prefeitura de Campos e Sesc, e conta também com o apoio do Boulevard Shopping e Instituto Federal Fluminense (IFF). Além de ter como patrono Nilo Peçanha, que foi presidente do Brasil em 1909 e 1910, a Bienal homenageará também Antônio Roberto Fernandes, Félix Carneiro (Felinho) e Lenilson Chaves, que implantou a Bienal do Livro em Campos, em 2000. A realização da feira literária é novamente no IFF, como em sua primeira edição, e traz uma economia de R$ 1,3 milhão em estrutura para a prefeitura de Campos.