Criadores de gado de leite de Campos deverão utilizar em breve uma inovadora tecnologia para inseminação de bovinos, com a utilização de “sêmens imunologicamente sexados”. A técnica é uma das últimas fases de evolução da reprodução animal, melhor que a inseminação artificial tradicional, a transferência de embriões e a fertilização "in vitro".
Representando a administração municipal, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Victor de Aquino, e o superintendente de Agricultura e Pecuária, Nildo Cardoso, participaram nesta sexta-feira (31) de uma palestra na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), que tratou do assunto.
A palestra foi apresentada pelo professor universitário e pesquisador Marcos Fernando Mata, da Uenf, que trabalha há mais de 20 anos no desenvolvimento da técnica e já tem hoje a sua patente registrada na Europa e está em processo nos Estados Unidos. Ela utiliza “sêmens imunologicamente sexados” que, além da alta taxa de sucesso na inseminação, garante ao criador poder obter crias fêmeas, com cerca de 77% de acerto. Com isso, é possível obter um plantel com a maioria de vacas, evitando a média de metade de cada sexo, como ocorre na reprodução natural.
— O estado do Rio de Janeiro produz apenas 20% do leite que consome, embora seja o segundo maior mercado consumidor do país. Em vez de continuar produzindo menos de 500 mil litros ao dia, poderá suprir a demanda de mais de 2,5 milhões de litros diários com o melhoramento genético, com Campos respondendo por grande parte da produção — disse o pesquisador, que defende uma mudança radical nos meios de produção. “O leite terá sempre mercado. E é a atividade do campo que mais gera emprego, considerando toda a cadeia produtiva, incluindo a produção de laticínios. Mas deve ser profissional, com vacas de alta produção, boa alimentação e técnicas corretas de manejo — acrescentou.
O superintendente Nildo Cardoso destacou as dificuldades financeiras enfrentadas pelo município e a falta de recursos da maioria dos criadores. E o pesquisador se prontificou a doar 200 doses de sêmens para testes na região. Com isso, de dois a três anos os criadores terão uma mostra real das vantagens de se investir na técnica. “Nosso produtor quer ver, na prática, se vale a pena investir. Ele quer ter retorno, então vamos dar o apoio possível e incentivar no que for trazer benefícios”, explicou o superintendente.
Para o secretário Victor de Aquino, toda inovação é bem-vinda, e vai ser importante observar essa nova técnica.
— Vamos acompanhar essa experiência com os sêmens que serão doados a nossos criadores através do Sindicato Rural de Campos e comprovar os resultados. Vemos sempre com bons olhos toda proposta para melhorar a bacia leiteira de nosso município e, com isso, desenvolver o agronegócio na nossa região — finalizou Aquino.